terça-feira, 29 de junho de 2010

A mecanica do contágio


Preocupado
pré ocupado
Você anda
Eu ando vendo, vendo tudo
tudo que passa e passatempo
Temporario

arquivo temporario
arquivo morto
mortalha
Veu e migalha
O segredo e os restos
estamos no meio
restamos inquietos
incertos desejos
e certos desejos internos.

O vírus se espalha
E corremos nus
Corremos livres
Como correm sempre
Todas crianças felizes

sexta-feira, 25 de junho de 2010


"Porque as cidades dormem e eu ando
As cidades andam e eu sonho
Simplesmente canto os encantos
E uns contos medonhos
Espantam meu sono"

Pique-esconde



As coisas passam
Eu não penso,
Pró-penso.
Estou propensa a pesar
Sustento a vida com sonhos,
Os sonhos sustento com vidas,
E vivo de suprir todos com o olhar.

As coisas passam, eu vejo
O tempo passa não vejo,
Não penso, não quero,
Estou propensa a pesar

Pró-penso em todos os sonhos
E deixo a vida passar.

"Eu vou pro sul
Descobrir o que é o sol
Depois cobrir o sol com sal
Deixar escuro todo o céu
E já que é frio lá no sul
Iluminar todo esse azul
Usando luzes de natal."

Mãos de tesoura



Depois de muito confabular eu finalmente entendi o produzir fumaça. Ou pelo menos acredito ter entendido, e por conseqüência também compreendo porque me apego tanto à isso. Porque é idiotice, e eu já percebi isso faz tempo (desde antes de começar a produzir fumaça).
Mas acontece que fumar, me aproxima ainda mais da sensação de observar o mundo, ver a vida passar. Como se eu visse um filme, como se tudo que acontecesse ali fosse alheio a minha presença, como se eu sumisse mesmo com a fumaça, fosse um fantasma, ou algo do gênero.
A janela sempre foi um refúgio, um vício, uma maneira de ver o lugar a que não pertenço, viver de certa maneira um pedaço daquilo. E sempre foi a porta pro lugar que me espera, além do meu conhecimento, aquele que talvez eu encontre, e vou sempre buscar.
Tenho medo de cruzar a porta, o mundo é cansativo, surpreendente, mas assustador. Então eu corro, eu fumo. E vejo tudo aquilo como se eu visse pela janela. É um contemplar que eu simplesmente não sei explicar. É um filosofar em cima de algo que me faria tropeçar. Mas na janela, eu não tropeço.
Porque o mundo além fumaça, é um recorte
"Distraídos venceremos,
Distraidos esqueceremos,
Distraídos passaremos o tempo
E viveremos verdadeiramente a vida
Sem pré requisitos."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pendurada nas cortinas



É muita ironia eu ser assim tão teatral. Toda drama. Dramaqueen.

No fundo deve ser uma defesa. Assim mesmo, mas funciona mais como doença auto-imune.

É. Nesse esquema.

Eu que toda tímida, tento passar invisível não consigo. Sou exagerada, estranha e escancarada. Autentica. Não que queira ser idêntica, mas não quero chamar atenção de ninguém com isso. É o diferente, é o incompreendido que chama atenção.E a incompreensão esta bem longe do meu objetivo.

Eu só queria que não houvesse falhas de comunicação.

Tudo vira pó. Pois todo o ilusionismo causa impressões diferentes. Eu nunca vou ser o que eu sou, porque as pessoas amam quem eles vêem, que não sou eu, é ela. E eu os amo como vejo, que talvez nem seja eles. Eu não sei.

É muita ironia eu ser desse jeito.Logo eu que não minto, estimulo esse medo, pelo meu exagero. Que é tão natural aliás, que eu nem percebo.

Eu sou uma criança, e realmente gargalho com um livro, sorrio com um doce, deliro com um filme. Sou um serzinho que salta de felicidade por vislumbrar um amigo.

Sou uma criança, uma eterna criança, que nunca passou da idade dos bonequinhos, dos animaizinhos, do correr na rua e fazer voz esganiçada pra imitar os outros.

Sou uma criança e uma criança de saudades.

Estou rosa, azul, verde, e vermelho mesmo. Eu não sou de plástico.

sábado, 19 de junho de 2010

O grito e a sinfonia do silencio



Ouço gritos, e eles me perturbam.
Sou eu de novo.Sempre que me despeço de você eu fico puta. Porque não é epifania, e não é coincidência.
Eu simplesmente lhe deixo passar. Como ela passou. A praga da covardia é mais forte que eu.
Sempre que te deixo eu me arrependo e sinto uma raiva, de tudo o que eu não disse, de tudo que não fiz, de tudo que eu queria e devia ter feito.
Me explica o medo?Enquanto isso eu arranho e embaço os vidros dos meus olhos com meus gritos e choro engolidos.
Me arrisco a planejar respostas pros teus atos, mas nem isso consigo. As palavras morrem na minha garganta, porque o meu fracasso é prévio na minha ação.
Eu tenho sim o que perder. Mas qual é a lógica de calar, se muda eu torno a possibilidade um fato?
Arrependimento de não ter feito.
Pelo menos sei que posso escrever o que não consigo falar. Mesmo que ninguém entenda o que pretendi.Que você não entenda de novo.
Mas vou ser clara, e direta.
Eu te amo.

Ícaro


"Só o sol e o voo
Quando cair, a liberdade
Porque a queda é livre"


E sem compreender o que significa
O meu mundo em palavras
Ou sem me importar com que entendo
Encararei as conseqüências.

Simplesmente mar e ar
Meu corpo inteiro se entrega
ao movimento lunar.
Nada importa, mas o sol

Não há certo momento,
Nunca entendi o tempo.

Esquento a chaleira.
Pras minhas possibilidades.Todas existem.
Que eu quero evaporar.
Que eu quero voar.
Eu tiro a tampa.
Os residuos são sólidos.
Porque vou desprender.
E evaporar.
Porque eu quero evaporar.
Eu quero voar.E voar

Tocar o sol
Porque eu sou Ícaro calado,
Eu sou Ícaro alado,
Eu sou Ícaro.

Passagem


Talvez de nuvem possa desfazer-me em água
E em sua volatilidade
Desmanchar ao vento em trilha suave

Talvez aceite o que muda
Integral e lentamente
Se o tempo intransitivo é(ou não..)

A questão é;
Caso a paciência me permita
A nuvem passar rente à montanha
Coisa momentânea
Esperar mudando, esperar mudanças
Sublimar

Em carne (in)quieta




Já estive na barriga da minha mãe.
Outras barrigas em que nunca estive também me deram vida.
Já tive outras mães, estive em outras casas e vivi outras vidas.
Já estive em outras dimensões.
Já conheci essas e outras pessoas.
Já abracei a liberdade, já fiz muita bruxaria, e plantei sementes boas.
Já conversei com minha sombra, já senti calor.
Já senti frio, já senti calafrios, já senti dor.
Entre tantas outras ondas.

O que me alivia a inquietação é o céu.
E me alivia a lua. E o sol e o som.
O som do mar.



Os meus joelhos tremem e meus sinais vitais reagem com repulsa ao caminho familiar da faculdade.A grama brilha, o céu está límpido e a luz descarrega todas as possíveis boas energias. Mas tem algo sobre meus ombros.
Meus joelhos tremem.Sinto culpa por ser franca e fraca.
Eu sempre deixo os vocês irem.
E os vocês vão descrendo de mim.

A história do mundo é cíclica e a minha não é diferente.
Penso em dar guinadas, pois contornar não é suficiente, estou cansada de fazer isso.
Mas no fundo, sempre volto a sentir que meu lugar não é aqui.
E eu preciso ir embora.
O desejo é egoísta. Mas eu não consigo não ser justa, fraca e franca.
Não sei onde ir.
Só sei que vou, e solitária.Isso dói.

Caminho. E as cores passam, pois já ultrapassei minha própria percepção.
Me sento mirando a paisagem vespertina, e já tem alguem lá que puxa conversa. Eu rio.
E recaio no fracasso, no cigarro e na minha própria desconsideração.
Acendo um cigarro, ele queima sosinho já que tudo volta a fazer sentido. Tá tudo errado, e eu me sento no maço, pois da solidão que sinto, ele não faz diferença alguma.